Café de viagem longa, qual longa
É a desventura no seu colher.
Este café suave e encorpado,
Só possível a duras penas e sofrer.
Café de Serra, da pedra, do fumá,
Café do João, do José, da Diná.
Pobres coadjuvantes na arte de cultivar.
Calejadas mãos que se unem pra lavrar.
Até quando proletários, sobre a terra da promissão?
Até quando escravos, sob a áurea da lei da abolição?
Até quando explorados, qual minério que sai do chão?
Vale a pena abrir mão da vida, e esperar da vida uma mão?
Por certo que na fazenda faze mais que teu dever.
Por certo que ao café na mesa, não importa se foi você.
Por certo que a mão que lavra vale bem mais ao viver,
Por certo que não as tendo quem haveria de plantar e colher?
(Amarildo Serafim – 12/05/2003)
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