segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Amor Proibido


Quisera eu ser o primeiro teu,
Tu que foste já de tantos.
E se não apenas lhe tirar suspiros,
Também tirar-lhe o pranto.

Teus lábios que a outros lábios satisfez,
Teu corpo que assim moreno
Seja agora a nossa vez.
Dar asas a vontade, dar verdade a vossa tez.

Vivamos o mesmo amor que era pecado.
Amor tratado com repressão e condenação.
Amor feito com a carne, a carne do coração.
Temperado com vontade, bem como emoção.

Que se queime na superfície
Do teu corpo quente, o incenso e a sensibilidade.
Tua contrição e tua vaidade.
Caiam, enfim, os tecidos que impedem a libido.

Elevada a uma nova dimensão de sensação.
Arrebatado, então, de volta pelo calor e frisson.
Deleite-me em você, deleite-se de mim.
Enfim, relaxados, deixe-se, tu em mim eu em você.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Beijando...


Beijo, como é bom beijar.
Mais que o beijo o bom mesmo é contactar.
Beijo de chegada, beijo de saída
Beijo de Amor, Ódio, de Despedida.
Beijo no recém-nascido, dos recém-casados
Nos recém-falecidos.
Beijo de carinho carregado de emoção,
Beijo de alívio numa enchente de monção.
Beijo pueril, tímido como oração.
Beijo desinibido de adolescente paixão.
Seja na praça, na escola ou na escuridão.
Beijo curto, longo ou só selim.
Beijo de Adeus, ósculo a Deus,
Beijo nas mãos, no rosto, nos lábios,
Beijo na terra, ou numa carta de Amor selada,
Beijo na mãe, ou na mulher amada,
Beijo de Beija-flor na flor do beijo
Beijo desejado no objeto de desejo.
Beijo de Romeu em Julieta, é sublimação.
Beijo de Judas em Jesus, é traição.
Beijo é sempre Beijo no seu modo de expressar,
Mas cada novo beijo algo novo significar.

Mais Amar


Se coração servisse pra outro fim
que não fosse encher o peito de dor.
Se a paixão tivesse reta intenção
que não fosse fazer sofrer por amor.

Se gostar de quem se ama servisse
pra alimentar, do mais amar, sua chama.
Se devotado a esse fim servisse pra evitar
lágrimas derramadas no escuro, na cama.

Se mesmo, que plenamente isento de outro amar,
desejar a quem se ama prestasse pra trazer
alívio ou sossego ao coração desejante,
que mesmo sabendo impossível ou improvável tal amante.

Se as flores de todos jardins contadas e cantadas em poesia
abrissem numa só manhã, a mais bela que haveria,
E colorir em tons vários de variadas cores a vida,
Aí sim mais amar valeria pena, valeria o empenho.

Por enquanto mais amar é dor, como o cristo doeu no lenho.
Mais amar é necessário, mais amar é um desalento.
Nada que conforte ou conforme o coração sedento.
Apenas servidão a amada de quem aguarda sustento.

Desiderata em Sol Maior


Nunca se esqueça que sempre haverá alguém menos inteligente e menos sábio que você. É a ele que você deve inspirar com carinho e dedicação para que ele possa desenvolver suas capacidades e crescer.

Igualmente, não se esqueça que sempre haverá alguém mais inteligente e mais sábio que você. É essa pessoa que deve se espelhar para aprimorar a sua vivência e o resultado de suas ações.

E acima de tudo você deve ser inteligente o suficiente para ter atitudes completamente surpreendentes, para que tanto os menos cultos, quanto os mais sábios possam mutuamente sentirem-se inspirados pela sua ação.

Teor de Morena


Canto o teor de tua forma
E as formas de tua emoção
Falo do encanto que és
Não posso nutrir falsa ilusão.

Antes de ser donzela, princesa
Forte ou baronesa.
És mulher de porte, e de beleza
E que porte! E que beleza!

Do teor se abstraí o teorema
Beleza se extraí dessa pequena
E quão pequena talvez fosse,
Não fosse o fato de ser Morena.

Pequenos teus lábios serenos
Tenros teus seios morenos.
Donde se extraí o colostro,
Que em vez de fel, bebemos.

Inebriante, o leite, talvez fosse,
Não tornasse de tão pia fonte.
Bate o coração de tal pequena,
Não só por amor ou por ser morena.

Bate por ser mulher antes de princesa,
Por ser fêmea antes da outorga: Baronesa.
Bate por haver de bater frequente.
Lembrando beijos e carícias na noite quente.

Dama de Ouro

Queria no espaço que existe
Entre um braço e outro meu
Estivesse a Dama mais bela,
A Dama de Ouro! Bela em apogeu.

Quero-a não só fechada em copas, mas ativa
lasciva, subversiva e efervescente.
Quero-a não só para um beijo lancinante,
Mas carente, caliente e envolvente.

Dama de cabelos dourados e tão clara tez,
que só mais clara a noite prata de luar.
Revela-me segredos do casulo onde dormes,
Revela-me um lugar ao seu lado, não me tolhes.

Vivamos com intensidade “ais” nos teus lençóis
o frisson de um dia, ao menos, só pra nós.
Mesmo que seja, de agora em diante,
viver suportando marcas de saudade algoz.


Amarildo Serafim – 19/07/2011