quinta-feira, 28 de março de 2019

Olivais da Normandia


Ah rosáceos lábios conformados, ostentados por tez serena.
Ah francos olhares discretos, díspares, distantes e distópicos.
És prima obra do demiurgo que dentre tantas nela só se “aperfeitou”.
Teu calor invade os trópicos secos de minhas recônditas intenções.

Diz-me: Que faço eu de tão severo, para merecer tua ausência?
Que pecado ou falta grave pra castigar-me sem clemência?
Meus pecados só o são por desejar-te sem pudor ou contrição.
Quero só aplacar o furor destes impasses em profusão.

Pra que eu saiba, diz-me, porque me privas dos teus olhos olivais?
Pra acalmar meus dissabores: porque dista de mim teu corpo invernal?
Pra que eu sorria: vem tocar teus lábios nos meus tão suplicantes.
Pra que eu viva: vem perder-se em nossos desejantes corpos abissais.

Quero eu, e quero tanto, teus olhos verdes primavera de além-mar!
Quero eu, e quero tanto,  teu corpo alpino e úmido sôfrego a desejar!
Deixai que bailem juntos, emaranhados, indistintos, indissociáveis.
Deixai que sonhem juntos, exauridos, exaustos, extenuados, eternamente.

3 comentários:

  1. Linda poesia,sedutora e ao msm tempo bem expressativa.

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  2. Linda!!!uma delicada mistura de palavras conhecidas com outra ñ corriqueiras,fez do seu poema uma mistura de sedução desejo esofisticação.

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