domingo, 21 de abril de 2013

Inquietas Sombras

Visitam-me inquietas sombras sem corpo
Das vidas outras que não foram e nunca serão,
Das vidas outras que nunca vieram
Que talvez venham, talvez não.

Velas bruxuleantes de esmaecido brilho
Projetam inquietas sombras sem corpo
Pela noite, pelo ladrilho, pelo quarto,
Oh Sombras, fantasmas sois de arrependimentos.

Inquietas Sombras sem corpo desfilam formas,
deslizam informes polimorfas, desejos e frustrações.
Que entidades serão estas inquietantes Sombras?
Fantasmas do passado ou apenas sombra na escuridão?

Oh. Inquietas Sombras sem corpo a roto,
mesmo no escuro se destacam persistentes.
O corpo que lhes faltam, Oh inquietantes Sombras,
Lhes neguei existência quando optei pelo que sou.


sábado, 20 de abril de 2013

Nau Frágil


No barco da vida que navego cego
O mar bravio de desencantos e desencontros.
Hora lançado as costas rochosas escarpadas,
Hora soprado por vento forte mar adentro.

Sem mapa, sem vela, sem direção,
Sem remo, sem leme ou tripulação.
Preso ao timão finjo dar sentido e rumo ao barco
Que vai levado pelas correntes de Netuno.

Ventos, tempestades, oceanos abissais
Parecem querer sugar-me, num instante não mais.
Abatem as ondas torpes ao casco da embarcação.
As tábuas simulam quebrar, mas o desejo diz não.

A vida não é remar, tampouco dar direção,
A vida não tem leme, apenas ilusório Timão.
Somos náufragos no mar de incertezas,
vivendo de sim quando tudo parece que não.

Amarildo Serafim – 17/04/2013