Um menino que nasceu em Belém!
História estranha é a que ele tem.
Vou dizer como é que foi, trate de ouvir bem.
Os pais desse menino, povo simples
Que por aqui muito se tem
Moram em Nazaré, na Galileia
Tiveram de recensear-se em Belém.
E deu-se que neste tempo
Deu-se o tempo da gestação.
O pai dele de porta a porta procurava acomodação
E nem sequer em qualquer canto lhes deram condição.
E a pobre mãe que estava grávida, já aos gritos se achava.
Sobrou-lhes a estrebaria onde só animal pernoitava.
Onde já se viu parir na estrebaria merecia outra sorte
Mas outra não lhe havia, a não ser sorte da recusa,
E muitos são os que recusam nesta vida sua via.
Nascido o tal menino, sua mãe lhe envolve faixas.
Pois, só faixas portava Maria.
E pôs-lhe a dormir no coxo dos animais desse rincão,
Sobre o alimento dos que ruminam, animais sem distinção.
Uns pastores que por perto estavam
Afirmam com convicção: Ouviram do Céu a voz
Dos Anjos uma canção, que nasceu-lhes um menino bento
Nasceu-lhes libertação e que desse dia em diante
Fora banida a escuridão das trevas da mente e do coração.
Foram então, ver a luz e a libertação
Qual não fora a surpresa de ver que a luz dormia
Tranqüila no seio da Mãe dormia
Tão tranqüila como a noite daquele dia
Tão criança que com as outras se confundia
A luz não tiritava, somente resplandecia,
E quanto mais a noite se adentrava,
Mais a sombra da luz fugia.
Qual não é nossa dúvida, qual não é nosso quinhão.
Será que foi mesmo aquele dia o nascimento da salvação?
E se o menino é mesmo Deus? Deus criança e menino a um só tempo e condição!
E o mundo no que crê?
Não crê, nem dá atenção, até tentaram matar o pobre,
Só não sei se mataram ou não.
(Amarildo Serafim – 2004)
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