domingo, 9 de novembro de 2014

Breve Soneto do Tempo (ou do tempo que ainda se tem)

Que tal fazermos como nos velhos tempos,
Ao invês de postar na rede, arquivar no pensamento?
Ao invés de tudo guardar, para pinçar um só instante,
Deixar a vida decantar e ver o que boia, obstante.

Porque a vida não é o que fica e sim o que marca.
Tampouco o que cinje, mas o que desata.
E o coração é o garimpeiro de tudo que a memória retém,
É ele que separa do tempo que tivemos o que levamos ao que se tem.

Ah tempo, sábio tempo! Breve tempo!
Quem me dera tê-lo inteiro.Não apenas um momento.
Te quero ao meu dispor e não quero ser teu passatempo.

Ah tempo, ingrato tempo, urgente tempo tiritante.
Para que tanta brevidade, redundante urgência temporal?
Sempre exististe e existirás, contudo nunca foste tão escasso.