terça-feira, 4 de junho de 2013

Metáforas da Vida


A vida é para a morte o que o rio é para o mar.
Barco de remo ou vela descendo lépido a singrar.
Destino, caminho: questão de conjectura.
És água no rio, no mar: questão de nomenclatura.

A morte vem na ponta da vida, na vazante do rio no mar.
Como se fosse lã de tecedeira virando colcha no seu tear.
É uma emenda no fio da trama que se vai tornando vida.
É rio se tornando mar, é morte concluindo a vida.

Seria a vida um disfarce colorido e alegre para a morte?
Seria possível esticar a linha mudar sua cor ou sorte?
Mas tú, vida, linha pouca e fina linha já extingue.
Ó vida carretel miúdo, pouca linha e linha dura.

Resta apenas servir da vida para fazer renda e tecitura.
Renda em flor que alegra e encanta ou cobertor de candura.
Flor de renda, ainda que renda, os anos vivos de amargura.
Tecido para envolver o cadáver derradeira armadura.

Um comentário: