sábado, 16 de junho de 2012

Toada com um velho amigo


A vida conspirou contra nossos planos, velho amigo, 
ainda que hoje sejamos felizes pelos caminhos outros 
que nos conduziu, a mesma vida, que nos desviou daqueles.
Quantos projetos incompletos, mais que isso, 
no ainda papel, hão de aí permanecer. Onde estão?.
Quantas bocas desejadas deixamos de beijar, 
ainda que tantas outras surgiram neste lugar.
Quantas camas e quantos corpos ficamos a desejar, 
ainda que outras camas e corpos não deixamos de frequentar.
Quantos copos e garrafas entornamos sem pensar,
ainda que agora sofremos pelos que nuncanos vão embriagar.
Bar em bar fechando as portas aproximar se faz o dia, 
emoldurando com alvorada nossa efêmera alegria.
Quantos devaneios, filosofias, “dados” e aleatórios,
ainda que em guardanapo não registramos o parlatório.
Suspeitamos portar solução para os males do mundo, 
alheios ao mal de nossa própria alma evanescente.
Será que a vida nos deu uma rasteira? 
Levou a riqueza de nossas fantasias? 
O vigor de nossas pernas e rigor de nossa euforia?
Levou quem sabe os sonhos velhos, tacanhos, impraticáveis 
e deu-nos sonhos novos repaginados e realizáveis?
Onda foram as mulheres? E a máquina de música?
E as prostitutas sempre sorridentes lá no canto do balcão?
Abandonaram o seu ofício pois putaria não é mais profissão?
Fazer sorrir e desejar o coração de moço era mais que vocação.
As luzes apagaram, fecharam-se as portas, as moças se foram, 
a cerveja acabou, a do copo esquentou, acho que bebi demais!
O caminho longo, os passos são curtos, a coragem é pouca,
mas a cama de solteiro é quente, o dia desponta e o galo... 
puta que pariu alguém faz esse galo ficar quieto!

Amarildo Serafim - 10/06/2012